Olá,
pessoal do 2ºE! Espero que estejam bem :)
Assunto: Textos
jornalísticos – notícia e artigo de opinião; pontuação.
A
atividade a seguir é composta por dois textos de gêneros diferentes. Leia esses
textos para compreender a diferença entre cada um deles.
I.
Leia a notícia a seguir, para depois responder às questões.
CASOS CONFIRMADOS DE CORONAVÍRUS
ENTRE INDÍGENAS JÁ CHEGAM A 23
Além disso, 46 casos foram descartados e seis se recuperaram da doença
A Secretaria
Especial de Saúde (Sesai), em seu balanço mais recente, divulgou que existem 23
casos confirmados de Covid-19 entre a população indígena. As informações foram
atualizadas na tarde da última quinta-feira (16) e conta com mais 25 casos
suspeitos da doença.
Todos os casos
estão na região Norte do país, em cinco Distritos Sanitários Especiais
Indígenas (DSEI). No distrito Alto Rio Solimões são oito ocorrências,
Manaus conta com 12 e Médio Rio Purus, Parintins e Yanomami, que têm somente um
caso.
São 12
pacientes femininas e 11 do masculino, com média de 32 anos de idade, e apenas
dois infectados fazem parte do grupo de risco, um paciente com 60 anos e outro
com 79.
Uma vítima
fatal foi o yanomami Alvaney Xiriana, que tinha apenas 15 anos de idade. No
total, três óbitos de indígenas infectados pelo novo coronavírus constam dos
registros oficiais do governo federal.
Além disso, 46
casos foram descartados e seis se recuperaram da doença.
O primeiro
caso confirmado de coronavírus entre indígenas apresentou sintomas no dia 17 de
março. “A notificação dos dois primeiros casos confirmados ocorreu na semana
epidemiológica 13 (22/03 a 28/03), com um pico na semana epidemiológica 15
(05/04 a 11/04)”, explica boletim epidemiológico
A circulação
do vírus entre indígenas explica-se pelo fato de 12 casos terem sido
registrados próximos a municípios com transmissão comunitária confirmadas. Dos
três indígenas falecidos, dois foram infectados em unidades do Sistema Único de
Saúde (SUS), onde faziam tratamento; um em Manaus e o outro em Boa Vista.
O Ministério
Público Federal (MPF) emitiu uma nota, no último dia 2, onde recomenda ações
emergenciais de proteção à saúde dos povos indígenas. O órgão afirma que “as
medidas de restrição de acesso em vigor atualmente não garantem proteção
territorial suficiente para evitar o contágio dos povos indígenas pelo novo
coronavírus”.
De acordo com
o MPF, a presença “de garimpeiros, madeireiros, dentre outras atividades
criminosas” acaba anulando a proteção que políticas sanitárias e de isolamento
social poderiam assegurar.
No documento o
órgão ainda pede que a Fundação Nacional do Índio (Funai) implemente
“imediatamente medidas de proteção territorial em todas as terras indígenas
identificadas ou delimitadas, declaradas ou homologadas”.
Para auxiliar no isolamento social, as aldeias estão se
organizando para evitar que pessoas de foras da comunidade entrem nas
comunidades. Até esta quarta-feira (15), havia bloqueios em 12 estados, feitos
por 23 povos.
a)
Localize
no texto os principais elementos da notícia:
O que? (assunto)
Quem? (os envolvidos)
Quando? (tempo)
Onde? (lugar)
Como? (modo)
b)
Nas
notícias é comum haver discursos de outras pessoas a fim de dar mais
credibilidade ao texto. Explique o uso das aspas no trecho “as medidas de
restrição de acesso em vigor atualmente não garantem proteção territorial
suficiente para evitar o contágio dos povos indígenas pelo novo coronavírus”
c)
Por
que os povos indígenas estão mais vulneráveis à pandemia do coronavírus?
II.
Agora leia um artigo de opinião.
Descaso com a Covid-19 pode exterminar povos
indígenas
Mario Nicacio
Se o novo coronavírus
tem tirado o sono do homem branco, imagine o nosso. Os indígenas brasileiros
não foram dizimados somente pela brutalidade do invasor, mas também por doenças
que vieram nas caravelas. Quando atracaram aqui, éramos mais de 4 milhões; atualmente,
restam somente cerca de 900 mil de nós.
Ao contrário dos
europeus, que já haviam desenvolvido anticorpos, nossos antepassados não tinham
nenhuma defesa contra a gripe, o sarampo, a varíola, a coqueluche, a
tuberculose e outras moléstias. No caso da Covid-19, o perigo é ainda maior,
pois a humanidade inteira está indefesa. O ianomâmi Alvanei Xirixan era muito
jovem, tinha apenas 15 anos. E, diferentemente, das duas vítimas anteriores da
doença, morava na floresta. Sua morte, no último dia 9, acendeu de vez o alerta
para todos os povos indígenas brasileiros. Estamos mais vulneráveis do que
nunca.
O pouco-caso dispensado
por Jair Bolsonaro à pandemia vem deixando o mundo inteiro perplexo. Se a sua
insensatez põe em risco a população brasileira em geral, para nós ela pode
significar o extermínio. E temos razões para acreditar que sua atitude é
proposital. O presidente construiu sua reputação política dirigindo ameaças e
ofensas às minorias. Nós, povos indígenas, sempre estivemos entre seus alvos
preferenciais, e os ianomâmis, povo de Alvanei Xirixan, são uma antiga
obsessão. Seu primeiro ato como deputado federal, em seu segundo ano de mandato
(em 1992), foi um projeto para revogar a homologação do seu território -hoje
acossado pelo garimpo ilegal, que contamina os seus rios por mercúrio.
O sucateamento promovido
por ele à Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), ligada ao Ministério da Saúde e
responsável pelo atendimento de mais de 765 mil pessoas, vem sendo denunciado
por nós desde o ano passado.
Segundo o último censo
do IBGE, 306 mil indígenas vivem na Amazônia. Há aldeias que ficam a cinco dias
de barco do posto de saúde mais próximo. Sem o Sesai, ficam entregues à própria
sorte. Bolsonaro ainda quer municipalizar este serviço essencial, que é federal,
deixando-nos nas mãos de políticos locais, que nem sempre prezam por nossos
direitos.
Na cultura indígena não
existe o isolamento social: vivem até 15 pessoas sob o mesmo teto. A
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) preparou
um plano emergencial para combater a Covid-19. Entre as recomendações está o
isolamento comunitário. É preciso que o homem branco mantenha distância de
nossas aldeias.
E ainda há os mais de
cem povos isolados que vivem na região. De acordo com o Instituto
Socioambiental (ISA), existem 86 territórios com presença de grupos sem contato
na Amazônia. Se ainda candidato prometeu não demarcar "nem um centímetro a
mais" de terras indígenas, em agosto passado, já usando a faixa de
presidente, Bolsonaro disse que "se eu fosse fazendeiro, nem vou falar o
que eu faria", referindo-se a indígenas e quilombolas. São palavras que
servem de incentivo àqueles que invadem suas terras e que podem levar o
coronavírus até eles.
Os alertas de
desmatamento na Amazônia cresceram 29,9% no mês passado, segundo o Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Março de 2020 registrou a segunda maior
taxa para o mês nos últimos cinco anos, atrás apenas de 2018.
No início de mesmo mês,
quando a Covid-19 ainda não dominava os noticiários, a liderança ianomâmi Davi
Kopenawa já alertava para os riscos que corriam os povos isolados na Comissão
de Direitos Humanos da ONU, em Genebra: "Eu não conheço as suas casas,
assim como vocês também não conhecem. Eu só as vi do céu, do avião. Nunca os
visitei a pé. Nunca nos falamos. É por isso que estou muito preocupado. Talvez
em breve estarão exterminados".
Culturas inteiras podem
desaparecer. São povos que têm sua própria medicina, de onde pode vir até mesmo
a cura para a Covid-19 e novas pandemias.
Mario Nicacio
Wapichana da terra indígena Manoa-pium (Roraima), é vice-coordenador da
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab)
a)
Artigo de opinião é um gênero textual que pertence ao âmbito
jornalístico e se caracteriza pela exposição de um ponto de vista sobre
determinado assunto. Qual é o assunto do texto?
b)
O artigo de opinião é composto por:
Introdução
– na qual o autor apresenta sua ideia principal ou tese;
Desenvolvimento
– em que aparecem os argumentos, os fatos que comprovem a tese;
Conclusão
– que é o fechamento do texto, a exposição final.
Cite
dois argumentos que o autor utiliza para confirmar a tese de que a Covid-19
pode exterminar a população indígena.
c) No
último parágrafo o autor diz “Culturas
inteiras podem desaparecer. São povos que têm sua própria medicina, de onde
pode vir até mesmo a cura para a Covid-19 e novas pandemias”. Por que o autor
faz essa afirmação? Como é a medicina da população indígena?
III.
Relacionando os textos – os dois textos possuem tema em comum, porém escritos
em gêneros textuais diferentes.
Use
a legenda abaixo para indicar as características dos gêneros notícia e artigo
de opinião nas afirmações do item a
ao item f.
(A)
Gênero notícia
(B)Gênero
artigo de opinião
(C)Ambos
os gêneros
a)Texto
escrito em 1º ou 3º pessoa ( )
b)Texto
escrito em 3º pessoa ( )
c)Uma
tese/ posição que é defendida ( )
d)Publicação
em jornais, internet. ( )
e)Uso
de discurso citado ou discurso reportado. (
)
f)Usa-se,
muitas vezes, o tempo presente nas manchetes ou nos títulos da matéria, o que
aproxima o leitor do fato. ( )
IV.
Dê a sua opinião também: o que você
acredita que o governo poderia fazer para garantir a sobrevivência da população
indígena em relação à pandemia do coronavírus?
Bibliografia: Cadernos de apoio e aprendizagem: Língua Portuguesa 8º e 9º anos. São
Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2010.
SARMENTO,
Leila Lauar. Oficina de redação. São Paulo:
Moderna, 2006.
Obrigada J