Bom dia alunos estamos continuando o trabalho com o Aprender Sempre, esta semana teremos um trecho do livro Senhora de José de Alencar, escritor Romântico. Leia o texto e responda ao Quizz, o texto é a base para os trabalhos propostos. Além do texto escrito coloquei um vídeo de uma novela com o trecho abordado abaixo, é lógico que no trecho da novela existe uma releitura do texto escrito, enfim é interessante ler e assitir para ter uma ideia de como u texto pode ser tratado dramaticamente.
Em seguida faremos alguns exercícios para trabalhar a importância dos adjetivos na escrita como um dos elementos que nos ajuda a caracterizar e trazer mais vida e informações para o leito, no Quizz existe um material teórico acompanhado de um vídeo sobreo assunto
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Noite de núpcias de Aurélia e Fernando do livro Senhora de José de Alencar.
Seixas ajoelhou aos pés da noiva, tomou-lhe as mãos que ela não retirava; e modulou o seu canto de amor, essa ode sublime do coração que só as mulheres entendem, como somente as mães percebem o balbuciar do filho.
A moça com o talhe languidamente recostado no espaldar da cadeira, a fronte reclinada, os olhos coalhados em uma ternura maviosa, escutava as falas de seu marido; toda ela se embebia dos efluídos de amor, de que ele a repassava com a palavra ardente, o olhar rendido, e o gesto apaixonado.
— É então verdade que me ama?
— Pois duvida, Aurélia?
— E amou-me sempre, desde o primeiro dia que nos vimos?
— Não lho disse já?
— Então nunca amou a outra?
— Eu lhe juro Aurélia. Estes lábios nunca tocaram a face de outra mulher, que não fosse a minha mãe. O meu primeiro beijo de amor, guardei-o para minha esposa, para ti...
Soerguendo-se para alcançar-lhe a face, não viu Seixas a súbita mutação que se havia operado na fisionomia de sua noiva.
Aurélia estava lívida, e a sua beleza, radiante há pouco, se marmorizara.
— Ou para outra mais rica!... disse ela retraindo-se para fugir ao beijo do marido, e afastando-o com a ponta dos dedos.
A voz da moça tomara o timbre cristalino, eco da rispidez e aspereza do sentimento que lhe sublevava o seio, e que parecia ringir-lhe nos lábios como aço.
— Aurélia! Que significa isto?
— Representamos uma comédia, na qual ambos desempenhamos o nosso papel com perícia consumada. Podemos ter este orgulho, que os melhores atores não nos excederiam. Mas é tempo de pôr termo a esta cruel mistificação, com que estamos escarnecendo mutuamente, senhor. Entremos na realidade pôr mais triste que ela seja; e resigne-se cada um ao que é, eu, uma mulher traída; o senhor, um homem vendido.
— Vendido! exclamou Seixas ferido dentro d'alma.
— Vendido sim: não tem outro nome. Sou rica, muito rica, sou milionária; precisava de um marido, traste indispensável às mulheres honestas. O senhor estava no mercado; comprei-o. Custou-me cem contos de réis, foi barato; não se fez valer. Eu daria o dobro, o triplo, toda a minha riqueza pôr este momento.
Aurélia proferiu estas palavras desdobrando um papel, no qual Seixas reconheceu a obrigação pôr ele passada ao Lemos.
Não se pode exprimir o sarcasmo que salpicava dos lábios da moça; nem a indignação que vazava dessa alma profundamente revolta, no olhar implacável com que ela flagelava o semblante do marido.
Seixas, trespassado pelo cruel insulto, arremessado do êxtase da felicidade a esse abismo de humilhação, a princípio ficara atônito. Depois quando os assomos da irritação vinham sublevando-lhe a alma, recalcou-os esse poderoso sentimento do respeito à mulher, que raro abandona o homem de fina educação.
Penetrado da impossibilidade de retribuir o ultraje à senhora a quem havia amado, escutava imóvel, cogitando no que lhe cumpria fazer; se matá-la a ela, e matar-se a si, ou matar a ambos.
Aurélia como se lhe adivinhasse o pensamento, esteve pôr algum tempo afrontando-o com inexorável desprezo.
— Agora, meu marido, se quer saber a razão pôr que o comprei de preferência a qualquer outro, vou dize-la; e peço que não me interrompa. Deixei-me vazar o que tenho dentro desta alma, e que há um ano a está amargurando e consumindo.
A moça apontou a Seixas uma cadeira próxima.
— Sente-se meu marido.
Com que tom acerbo e excruciante lançou a moça esta frase meu marido, que nos seus lábios ríspidos acerava-se como um dardo ervado de cáustica ironia!
Seixas sentou-se.
Dominava-o a estranha fascinação dessa mulher, e ainda mais a situação incrível a que fora arrastado.
ALENCAR, José de. Senhora. In: Perfis de Mulher. Rio de Janeiro: José Lympio, s/d, 5ª edição, vol. 7, p.226-229.
Metáfora e Comparação
A comparação (ou símile) ocorre no processo de aproximação dos elementos de universos diferentes por meio de nexos comparativos (como, tal, qual, assim como, semelhante a, semelhante ao etc.).
Comparação e metáfora são figuras distintas, devido à ausência ou não de nexos comparativos e ao estabelecimento de desvios de sentido do vocábulo. Também podem ocorrer as símiles híbridas, ou seja, a ocorrência de comparação e metáfora em um mesmo enunciado.
Exemplos de comparação
“Meu coração tombou na vida tal qual uma estrela ferida pela flecha de um caçador.”
(Cecília Meireles)
Note a presença do nexo comparativo tal qual, em que o eu lírico estabelece analogia com “...estrela ferida pela flecha de um caçador.”
Veja um exemplo de comparação na música “Como nossos pais”, gravada por Elis Regina e escrita por Belchior.
Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Perceba a força expressiva do eu lírico ao utilizar a partícula como para colocar-se em um nível de encantamento semelhante às sensações que uma nova invenção pode provocar.
Comparação e metáfora são figuras distintas, devido à ausência ou não de nexos comparativos, pois, enquanto na metáfora ocorrem desvios de significação própria da palavra, na comparação ocorre o confronto de pessoas ou coisas, a fim de destacar-se características, semelhanças, traços comuns, visando a um efeito expressivo.
Observe o exemplo, colhido em Crônicas escolhidas de Rubem Braga:
“O pavão é um arco-íris de plumas.”
A cauda armada do pavão forma um leque multicolorido, atribuindo a ela as semelhanças e encantamentos de um arco-íris, configurando assim um processo metafórico, pois não ocorrem nexos comparativos dentro da frase. Perceba que o efeito comparativo ocorre implicitamente ao ponto do sentido da palavra pavão ser desviado.
Agora, veja o exemplo com a inserção do elemento comparativo:
“O pavão é como um arco-íris de plumas.”
A força comparativa e expressiva ganhou destaque por conta da partícula como. Perceba que o significado das palavras “pavão” e “arco-íris” não sofreu nenhum desvio. Dessa forma, não temos uma metáfora, mas uma figura de linguagem por símile ou comparação. Para saber mais sobre a figura de linguagem que estabelece a comparação implícita.
Símile híbrida
Os estudos em torno da comparação e da metáfora descrevem um fenômeno conhecido como símiles híbridas. Observe o enunciado:
A ponte para o infinito foi como um divisor de águas em minha vida.
Entenda que “ponte para o infinito” é uma metáfora que expressa os poderes de um livro, que, por sua vez, é comparado, por meio da partícula como, a um “divisor de águas…”. Sendo assim, identificamos a relação entre metáfora e comparação em um mesmo texto, configurando símile híbrida.
https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/comparacao.html
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