Boa noite, pessoal do 2ºE!
Espero que estejam bem ;)
A atividade a seguir é sobre uma importante obra do Romantismo brasileiro. Por favor, enviem suas
respostas para o seguinte e-mail: mmaraujo@prof.educacao.sp.gov.br até o dia 13/07/2020.
Assunto: Romantismo no
Brasil.
I. Assista a esta videoaula:
Agora
responda:
a)
O
que é um romance?
b)
E
o que é um romance urbano ou de costumes?
II.
Faça a leitura de um trecho do romance Memórias
de um sargento de milícias para depois responder ao que se pede.
CAPÍTULO
XIII - MUDANÇA DE VIDA
(...)
Pelo hábito de frequentar a igreja
tomara conhecimento e travara estreita amizade com um pequeno sacristão que,
digamos de passagem, era tão boa peça como ele; apenas se encontravam
limitavam-se a trocar olhares significativos enquanto o amigo andava ocupado no
serviço da igreja; assim, porém, que se acabavam as missas, e que saíam as
verdadeiras beatas, reuniam-se os dois, e começavam a contar suas diabruras
mais recentes, travando o plano de mil outras novas. Por complacência, ou antes
por prova de decidida amizade, o companheiro confiava ao nosso gazeador um
caniço, e faziam juntos o serviço e as maroteiras: a mais pequena que faziam
era irem de altar em altar escorropichando todas as galhetas, o que lhes
incendeia mais o desejo de traquinar.
Esta vida durou por muito tempo; porém
afinal já eram as gazetas tão repetidas, que o padrinho se viu forçado a
acompanhá-lo outra vez todos os dias para a escola, o que desfez todos os
planos que os dois tinham concertado. O nosso futuro clérigo tinha muitas vezes
pensado em como não lhe seria agradável ver-se revestido como o seu companheiro
de uma batina e uma sobrepeliz, e feito também sacristão, ter a toda hora à sua
disposição quantos caniços quisesse, ter por sua e de seu amigo toda a igreja,
poder nos dias de festa, tomando o turíbulo, afogar em ondas de fumaça a cara
da velha que mais perto lhe ficasse na ocasião da missa. Oh! Isto era um sonho
de venturas! Vendo-se privado, depois que o padrinho o acompanhava, de gozar
parte destes prazeres, como fazia nos dias de fugida, atearam-se-lhe os
desejos, e começou a confessá-los ao padrinho, dando a entender que nada havia
de que agora gostasse tanto como fosse a igreja, para a qual, dizia ele,
parecia ter nascido. Isto foi para o padrinho um alegrão, porque neste gosto
recente do pequeno via furo aos seus projetos.
— Eu bem dizia... pensava consigo; não
tem dúvida, vou adiante; o rapaz está-me enchendo as medidas.
Afinal o menino tomou um dia uma
resolução última, e propôs ao padrinho que o fizesse sacristão.
— Isso seria muito bom, disse ele, a fim
de acostumar-me para quando for padre.
A princípio a ideia deslumbrou o
padrinho, porém mais tarde acudiu-lhe a reflexão, e assentou que seria rebaixar
o menino e comprometer a sua dignidade futura. Afinal, porém, tantas foram as
rogativas e argumentos do pequeno, que se viu obrigado a ceder. O menino tinha
nisso duas enormes vantagens, satisfazia seus desejos e saía da escola,
poupando assim as remessas diárias de bolos.
— Está bem, dissera consigo o padrinho,
ele já sabe ler alguma coisa e escrever: deixo-o, para fazer-lhe a vontade,
algum tempo na Sé, para que também tome mais amor àquela vida, e depois, apenas
o vir com o juízo mais assente, hei de ir adiante com a coisa. Foi em
consequência procurar aquele sacristão da Sé que dançara o minuete na festa do
batizado, que era nada menos do que o pai do sacristãozinho com que o nosso
pequeno travara amizade, para arranjar o afilhado, que não queria outra igreja
que não fosse a Sé. Felizmente pôde ele ser admitido; com a prática que tivera
dos dias de gazeta aprendera pouco mais ou menos todo o cerimonial que é mister
a um sacristão: ajudar a missa já ele sabia, às outras coisas aperfeiçoou-se em
pouco tempo.
Em poucos dias aprontou-se, e em uma
bela manhã saiu de casa vestido com a competente batina e sobrepeliz, e foi
tomar posse do emprego. Ao vê-lo passar a vizinha dos maus agouros soltou uma
exclamação de surpresa a princípio, supondo alguma asneira do compadre; porém
reparando, compreendeu o que era, e desatou uma gargalhada.
— E que tal?!... Deus vos guarde, Sr.
cura, disse fazendo um cumprimento.
O menino lançou-lhe um olhar de revés, e
respondeu entre dentes:
— Eu sou cura, e hei de te curar... Era
aquilo uma promessa de vingança.
— Ora dá-se? continuou a vizinha consigo
mesma; aquilo na igreja é um pecado!!
Chegou o menino à Sé impando de
contente; parecia-lhe a batina um manto real. Por fortuna houve logo nesse dia
dois batizados e um casamento, e ele teve assim ocasião de entrar no pleno
exercício de suas funções, em que começou revestindo-se da maior gravidade
deste mundo. No outro dia, porém, o negócio começou a mudar de figura, e as
brejeiradas começaram.
A primeira foi em uma missa cantada.
Coube ao pequeno o ficar com uma tocha, e ao companheiro o turíbulo ao pé do
altar.
Por infelicidade a vizinha do compadre,
a quem o menino prometera curar, sem pensar no que fazia colocou-se perto do
altar junto aos dois. Assim que a avistou, o novo sacristão disse algumas
palavras a seu companheiro, dando-lhe de olho para a mulher. Daí a pouco
colocaram-se os dois disfarçadamente em distância conveniente, e de maneira
tal, que ela ficasse pouco mais ou menos com um deles atrás e outro adiante.
Começaram então os dois uma obra meritória: enquanto um, tendo enchido o
turíbulo de incenso, e balançando-o convenientemente, fazia com que os rolos de
fumaça que se desprendiam fossem bater de cheio na cara da pobre mulher, o
outro com a tocha despejava-lhe sobre as costas da mantilha a cada passo
plastradas de cera derretida, olhando disfarçado para o altar. A pobre mulher exasperou-se,
e disse-lhes não sabemos o quê.
— Estamos te curando, respondeu o menino
tranquilamente.
Vendo que não tirava partido, quis a
devota mudar de lugar e sair, porém, o aperto era tão grande que o não pôde
fazer, e teve de aturar o suplício até o fim. Acabada a festa, dirigiu-se ao
mestre-de-cerimônias, e fez uma enorme queixa, que custou aos dois uma tremenda
sarabanda. Pouco, porém, se importaram com isso, uma vez que tinham realizado o
seu plano. (...)
ALMEIDA, Manuel
Antônio de. Memórias de um sargento de
milícias.
Disponível em: .
Acesso em: 14 out. 2019.
Conversando sobre o texto.
a) De acordo com o texto, o que levou o
menino a se manter na igreja?
b) Quais foram os reais motivos que o
levaram a ser sacristão?
c) Que argumentos ele usou para
convencer o padrinho a esse respeito?
d) Assim como em O Noviço, de Martins
Pena, também escrito no século XIX, a obra Memórias de um sargento de milícias,
aborda questões ligadas à ausência de valores morais. Selecione um trecho do
texto que represente uma situação amoral e comente sobre ela.
Bibliografia: SP Faz Escola, Caderno do aluno 2ª série do
ensino médio. Governo do Estado de São Paulo.
Observações: Façam a atividade
com calma; leiam o enunciado para saber responder às questões. Em caso de
dúvidas, deixem os comentários aqui no blogger, responderei assim que for
possível.
Obrigada J
Profª Maria Margarida
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