Hoje nós vamos ter uma leitura de um autor Naturalista. e alguns exercícios para resolver em um QUIZZ.
Muitos de vocês ainda não entregaram o material das outras semanas do 2º bimestre, gostaria de lembrá-los que vocês precisam fazer as atividades para cumprir as metas do bimestre. Voltem às atividades anteriores também e façam o que ainda não tiverem realizado.
Nós vamos falar um pouco sobre literatura.
O Naturalismo foi um movimento artístico e cultural que surge em meados do século XIX na França. Trata-se de um estilo que se manifestou na literatura, no teatro e nas artes plásticas. Para muitos, ele é considerado uma ramificação do realismo.
Influenciada pelas leis científicas, a literatura naturalista construiu sua ficção ao tratar o homem como um objeto a ser cientificamente estudado, abandonando assim qualquer resquício da literatura romântica. Não há espaço para metáforas ou subjetividade: a realidade é retratada tal qual é, e a linguagem aproxima-se da simplicidade do coloquialismo para que o leitor tente captar com exatidão as descrições feitas pelo narrador. O romancista assume uma posição de não envolvimento, de impessoalidade, introduzindo na literatura assuntos ligados ao homem, inclusive aqueles tidos como repulsivos, jamais abordados na história da literatura brasileira.
O trecho que vocês lerão abaixo é da Obra O Mulato. De Aluísio de Azevedo
Abaixo você pode assistir no Youtube a uma pequena biografia do escritor
assista este pequeno vídeo sobre o autor clicando aqui
Neste momento em que estamos discutindo questões raciais em todo o globo esta é uma importante obra que retrata o preconceito na sociedade. Este escritor questiona fortemente os valores da sociedade brasileira, principalmente a maranhense. Escritor, diplomata e caricaturista, é um autor muito interessante. O trecho da obra que trabalharemos faz parte do livro:
O Mulato
Obra de Aluísio Azevedo publicada em 1881, O Mulato foi
o romance que marcou o começo do naturalismo na
literatura brasileira. O livro abordou temas delicados para a época como o preconceito contra os negros na sociedade do
Maranhão daquele período e a corrupção clerical.
O nome do livro faz referência a seu protagonista, um mulato
bastardo que nasceu numa fazendo no nordeste do país.
Personagens da
obra
·
Raimundo: o mulato, filho bastardo de José
·
José: fazendeiro e pai de Raimundo
·
Quitéria: esposa de Raimundo
·
Domingas: escrava da fazenda e mãe de Raimundo
·
Padre Diogo: amante de Quitéria
·
Manuel Pescada: tio e tutor de Raimundo
·
Ana Rosa: filha de Manuel
·
Luís Dias: empregado de Manuel e pretendente de Ana Rosa
TRECHO DO TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO – O MULATO
A A personagem principal da obra “O Mulato” de Aluísio de Azevedo chama-se
Raimundo José da Silva. É um atraente e culto mestiço de olhos azuis que
afronta a sociedade maranhense por não perceber a sua condição social. Neste
trecho da obra Pré Modernista “O
mulato” o Dr. Raimundo ficou sabendo que
era filho de uma escrava com um português, fato que ele não tinha conhecimento
até então.
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Raimundo tornou-se lívido. Manoel prosseguiu, no fim de um silêncio:
- Já vê o amigo que não é por mim que lhe recusei Ana Rosa, mas é por
tudo! A família de minha mulher sempre foi escrupulosa a esse respeito, e como
ela é toda a sociedade do Maranhão! Concordo que seja uma asneira; concordo que
seja um prejuízo tolo! O senhor porém não imagina o que é por cá a prevenção
contra os mulatos!… Nunca me perdoariam um tal casamento; além do que, para
realizá-lo, teria que quebrar a promessa que fiz a minha sogra, de não dar a
neta senão a um branco de lei, português ou descendente direto de portugueses!…
O senhor é um moço muito digno, muito merecedor de consideração, mas… foi forro
à pia, e aqui ninguém o ignora.
- Eu nasci escravo?!…
- Sim, pesa-me dizê-lo e não o faria se a isso não fosse constrangido,
mas o senhor é filho de uma escrava e nasceu também cativo.
- Raimundo abaixou a cabeça. Continuaram a viagem. E ali no campo, à
sombra daquelas árvores colossais, por onde a espaços a lua se filtrava
tristemente, ia Manoel narrando a vida do irmão com a preta Domingas. Quando,
em algum ponto hesitava por delicadeza em dizer toda a verdade, o outro
pedia-lhe que prosseguisse francamente, guardando na aparência uma
tranquilidade fingida. O negociante contou tudo o que sabia.
- Mas que fim levou minha mãe?… a minha verdadeira mãe? perguntou o
rapaz, quando aquele terminou. Mataram-na? Venderam-na? O que fizeram com ela?
- Nada disso; soube ainda há pouco que está viva… É aquela pobre idiota
de São Brás.
- Meus Deus! Exclamou Raimundo, querendo voltar à tapera.
- Que é isso? Vamos! Nada de loucuras! Voltarás noutra ocasião!
Calaram-se ambos. Raimundo, pela primeira vez, sentiu-se infeliz; uma
nascente má vontade contra os outros homens formava-se na sua alma até aí limpa
e clara; na pureza do seu caráter o desgosto punha a primeira nódoa. E,
querendo reagir, uma revolução operava-se dentro dele; ideias turvas, enlodadas
de ódio e de vagos desejos de vingança, iam e vinham, atirando-se raivosos
contra os sólidos princípios da sua moral e da sua honestidade, como num oceano
a tempestade açula contra um rochedo os negros vagalhões encapelados. Uma só
palavra boiava à superfície dos seus pensamentos: “Mulato”. E crescia, crescia,
transformando-se em tenebrosa nuvem, que escondia todo o seu passado. Ideia
parasita, que estrangulava todas as outras ideias.
- Mulato!
(Aluísio de Azevedo. O MULATO. L&PM
Editores, Porto Alegre, 2002)
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